Atores investem em laboratórios para aprofundar atuações

Normalmente, uma das principais preocupações de um ator ao assumir um personagem é mostrar naturalidade em sua interpretação. Por isso mesmo, desde se instalar em uma base militar durante dias para acompanhar a rotina do grupo até servir mesas de bar, vários são os esforços que o elenco de uma novela precisa fazer na busca pela veracidade em cena. E, muitas vezes, contrariando o mais óbvio, a maior dificuldade passa longe de enfrentar perigos ou participar de treinos físicos.
“Caber nos coletes antigravidade foi um grande problema. Não tinha do meu tamanho, ficavam apertados. Com isso, voar por uma hora e meia e ainda preso por cintos de segurança, tendo de registrar dezenas de informações na cabeça, foi bem tenso”, lembra Dudu Azevedo, que interpreta o piloto da aeronáutica Amadeu em Flor do Caribe. Ao lado dos colegas Max Fercondini, Tiago Martins, Thaíssa Carvalho e Henri Castelli, o ator passou cerca de 10 dias vivendo o cotidiano de uma base aérea de Natal (RN) com o objetivo de ter maior familiaridade com seu personagem na TV.
Flávia Alessandra também dividiu o mesmo espaço que militares para se preparar para dar vida à veterinária Érica em Salve Jorge. Primeiro na Academia Militar de Agulhas Negras, em Resende, interior do Rio de Janeiro. Depois no subúrbio carioca, em Deodoro, onde teve contato com veterinários.
“Fizemos treinamento físico, refeições, tudo com eles. E uniformizados. Até dirigir blindados e dar tiro rolou. Tudo dentro daquele universo”, lembra a atriz, que já hávia sofirdo com a demanda de esforço físico em outra preparação para um papel: a enfermeira e dançarina Alzira em Duas Caras.
Na época, Flávia lesionou cotovelo, pulso e joelho aprendendo e gravando as cenas de pole dance. Quando acabou a novela, foi direto para a fisioterapia e, em função da recuperação, não pôde dar vida à mocinha Lívia, em Negócio da China. Deixou a vaga para Grazi Massafera.
Assim como os militares que acompanhou, Flávia já serviu de inspiração para laboratórios de outros atores. No caso, do próprio marido, Otaviano Costa. Formada em Direito, a atriz o ajudou na hora de estudar o comportamento ideal para viver o advogado Haroldo de Salve Jorge. “Fomos juntos a alguns escritórios para que eu soubesse de que forma deveria me posicionar. Como não gosto de olhar atores fazendo, costumo trabalhar bastante em cima da minha intuição e desses mergulhos no universo dos personagens”, explica Otaviano, por coincidência, também filho de uma advogada.