Espetáculo baseado em vidas da Maré reestreia no sábado (12)

O espetáculo “Nem Todo Filho Vinga”, da Cia Cria do Beco, vencedor do 9° Festu, tem data marcada para reestreia: No próximo sábado (12). O Museu da Maré será o palco para mostrar que todo filho vingará, a temporada de apresentação será nos sábados e domingos de março e 1° de abril, sempre às 19h30.
A reportagem visitou o espaço para saber detalhes deste retorno.
A companhia escolheu reestrear no Museu da Maré porque a peça é baseada em vidas de moradores da favela. O objetivo é atrair o público para o espaço que conta a história da região e dar a oportunidade de os moradores assistirem o espetáculo. Após a estreia, eles pretendem ir para outros teatros, mas queriam começar nos “palcos mareenses”, forma divertida que os artistas nomearam o espaço.
“Tem uma galera imensa que não conhece o museu que conta a história da Maré e vai ser uma oportunidade de as pessoas conhecerem”, conta Jefferson Melo, de 26 anos, protagonista da trama.
Jefferson contou que a forma deles fazerem teatro foge do convencional porque permite que o público interaja durante a apresentação. “Você vai estar ali na plateia e vai estar junto na atuação, terão vários sentidos sonoros, visuais e chega de spoiler”, brinca o ator.
“Tem uma galera imensa que não conhece o museu que conta a história da Maré e vai ser uma oportunidade de as pessoas conhecerem”, conta Jefferson Melo, protagonista da trama.
A peça contará histórias que permitem a identificação do público com os personagens, abordando temas como racismo, meritocracia, sonho de cursar o ensino superior e a força da mulher.
Natália Brambila, de 24 anos, dá vida à Claudia. A atriz conta que sua personagem representa a menina da favela que corre atrás dos seus sonhos e luta para romper os ciclos sociais vividos por muitas mulheres da favela como a gravidez precoce e através dela serão debatidos temas como sonhos, educação sexual e empoderamento feminino.
As histórias dos personagens serão atravessadas por todos os personagens e Jefferson Melo, que vive Maicon, protagonista da peça, conta que ele é o fio narrativo, conduzindo a peça.
O conto “Pai Contra a Mãe”, de Machado de Assis, foi a inspiração para a peça. O nome do autor é repetido como um grito de guerra e relacionado a divindade africana Xangô o orixá da justiça. Natália conta que no decorrer da encenação este tema também é levantado, relacionando às justiças divina, do Estado e desse orixá.
Durante todo esse período em que estavam tentando retornar, os próprios artistas movimentaram as redes sociais com vídeos para convocar as pessoas a doarem e assim ajudar os filhos de Machado a vingarem.
A entrada é gratuita, os ingressos podem ser retirados gratuitamente na plataforma Sympla, o link será disponibilizado no Instagram @nemtodofilhovinga, no fim os artistas passarão o chapéu para quem poder colaborar de forma consciente, o dinheiro será revertido para o pagamento da ficha técnica. Além disso, a loja de brindes estará montada com camisas do espetáculo e terá venda de comidas e bebidas no local.
A estreia do dia 12 será para convidados, pessoas que apoiam o espetáculo e parentes. Para manter as medidas de proteção contra o coronavírus, a apresentação terá público reduzido com 80 lugares, obrigatório uso de máscara e comprovante de vacina.
“Após passar para a Faculdade de Direito na UFRJ, Maicon, um jovem negro e cria da Favela da Maré, passa a confrontar os ideais de justiça do Estado Brasileiro diante dos inúmeros eventos de injustiça que ele e seu grupo de amigos vivem diariamente. Ao longo do seu ano letivo, Maicon sentirá, na pele, como essas políticas de precarização abalam todas as esferas da vida. Chegando ao ponto de colocá-lo contra seu melhor amigo”.