Tragédia do Museu Nacional em 2018 inspira novo musical da Barca dos Corações Partidos

Em 2 de setembro de 2018, o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, foi tomado por um incêndio de grandes proporções que destruiu não somente a fachada do centro histórico, que foi a residência da Coroa Portuguesa no tempo do Império, como também itens valiosos que contam a nossa história. A tragédia premeditada, dado a falta de investimento de manutenção nos aparelhos históricos do Brasil, serviu de inspiração para o espetáculo musical “Museu Nacional [todas as vozes do fogo]”, em cartaz em São Paulo.
A obra é encenada pela Cia Barda dos Corações Partidos, que em 2022 celebra dez anos de formação. A idealização é de Andreá Alves, diretora da Sarau Agência de Cultura Brasileira, enquanto a autoria do texto é de Vinicius Calderoni, autor do premiado “Elza” que também dirige o musical.
As 20 composições originais que ajudam a trazer a tona a história – não só a narrativa, mas a nossa própria história, como povo brasileiro – são de Alfredo Del-Penho e Beto Lemos. Cinco integrantes da Barca fazem parte do elenco desta produção: Adrén Alves, Alfredo Del-Penho, Beto Lemos, Eduardo Rios e Ricca Barros, ao lado de sete artistas convidados (Adassa Martins, Aline Gonçalves, Ana Carbatti, Felipe Frazão, Lucas dos Prazeres, Luiza Loroza e Rosa Peixoto.)
A essa altura, você pode estar se perguntando sobre os recursos narrativos empregados pela peça para contar essa história. Há uma narradora – Luzia – que na verdade é inspirada no mais antigo fóssil feminino humano encontrando na América do Sul e esta entre os tesouros “sobreviventes” do acerto do Museu Nacional. Cabe a Luzia (Ana Carbatti), no primeiro dos três atos do espetáculo, mostrar ao público a grandiosidade do que se perdeu em meio ao incêndio.
No segundo momento do espetáculo, há uma revisão da nossa própria constituição como sociedade, onde temas como preconceito e racismo são tratados. No ato final, em tom mais realístico, o recorte histórico volta para os dias atuais e traz à consciência do público toda a questão do que está sendo vilipendiado em nossa sociedade e que extrapola o acervo do próprio museu em si. “Não há personagens fixos e o elenco se alterna em dezenas de personagens, sejam pessoas ou objetos. E a música ajuda a amalgamar esses três momentos, criando uma unidade para essas intensidades tão diferentes”, explica Calderoni.
O espetáculo permanece em cartaz até 30 de outubro e todas as sessões contam com interpretação em Libras e audiodescrição. Em novembro, o espetáculo contará ainda com uma transmissão pelo canal da Barca dos Corações Partidos no YouTube como parte da celebração de 10 anos de formação da companhia.